Autor: Andrea Silva Santos
Resumo: A nossa proposta visa apresentar a obra lírica da poeta baiana contemporânea Myriam Fraga a partir de um enfoque que contempla o estudo de poemas que trazem imagens de uma cidade que se inclina para mar. O estudo vai atentar-se para o processo de configuração da cidade marítima, o que implica a necessidade de um olhar crítico e atento que compreenda a maneira como alguns elementos da natureza são (re) significados na construção imagética do cenário urbano e também a análise concernente a traços da modernidade, como o espaço dessacralizado, o tempo caótico, o princípio da analogia e a reflexão poética. Ressaltamos que a proposta contempla o voltar-se para aspectos da modernidade, enquanto estrutura, ao tempo que, em alguns momentos, apresentamos reflexões sobre a condição multifacetada do sujeito, dialogando com as reflexões de diversos autores que se debruçam sobre a pós-modernidade, como, por exemplo, Stuart Hall. Assim, adentramos o universo lírico fragueano, que requer primeiramente uma leitura atenta e sensível de seus versos, acompanhando a voz que percorre os meandros da urbe espelhada nas memórias marítimas, reelabora o espaço citadino, que se sustenta entre mares e rios, anzóis e metais, peixes, espelhos, navalhas, o atemporal e o efêmero, reverberando uma cidade tecidas pelas paisagens líquidas em cujo corpo se desdobra a abordagem da condição humana, a partir de um olhar que, como contemporâneo, volta-se para o seu tempo, todavia isso não significa que há pleno acordo com as condições vigentes. Aliás, o poeta não está de acordo com essas e problematiza diversas questões, como encontramos em Myriam Fraga.