Em Livro dos adynata, o clima é irrespirável. Escrito no período mais repressivo da ditadura militar, o volume divide-se em três blocos cujos títulos dizem tudo: “I – Definição ou Da Impossibilidade de Dizer”; “II – Paisagem ou Da Impossibilidade de Ver”; e “III – Persona, ou da Impossibilidade de Ser”. A cidade silenciada:. “Cidade de não ver, / De não dizer. (…) / Emparedada / No seu silêncio / De sete portas / Se abrindo ao medo”. E, diante de tudo, o sujeito calado, amargurado: “Carrego um peso / Por isso, / Por tudo o que calando / Consinto”. Um detalhe: adynata (grego, plural de adynaton) são figuras de linguagem que expressam impossibilidade, impraticabilidade.
Livro dos Adynata
O livro dos Adynata – Salvador: Macunaíma, 1975.